Conectar e compartilhar: a biossociabilidade de pacientes com câncer / Connecting and sharing: biosociality among cancer patients / Conectar y compartir: la biosociabilidad de pacientes con cáncer

As práticas de compartilhar e socializar relatos autobiográficos a respeito do próprio adoecimento constituem formas contemporâneas de o sujeito se relacionar consigo e com o outro. Esse movimento inaugura outros modos de ser e estar no mundo. Analisamos as práticas de se conectar e compartilhar - o escopo e a racionalidade que as agitam - acionadas por pacientes com câncer em duas ocasiões (a primeira se constitui em uma lista de discussão e a segunda, em um guia), destacando suas implicações na subjetividade e na biossociabilidade contemporânea. A hipótese é a de que a emergência do dispositivo de conexão tornou certos modos de ser doente inteligíveis, praticáveis e governáveis.(AU)

Practices of sharing and socializing autobiographical accounts of illness are a contemporary method subjects can use to relate to themselves and to the other. This movement unveils other ways of being in the world. We analyzed connecting and sharing practices - and the scope and rationality that spur them - activated by cancer patients on two occasions (first, a discussion list and, second, a guide), highlighting their implications for subjectivity and contemporary biosociality. The hypothesis is that the emergence of a connection device made certain types of illness at the same time intelligible, practicable, and governable.(AU)

Las prácticas de compartir y socializar relatos autobiográficos con relación a la propia enfermedad constituyen formas contemporáneas por medio de las que el sujeto se relaciona consigo mismo y con el otro. Ese movimiento inaugura otros modos de ser y de estar en el mundo. Analizamos las prácticas de conectarse y compartir -el alcance y la racionalidad que las agitan- accionadas por pacientes con cáncer en dos ocasiones (primero, una lista de discusión y, segundo, una guía) subrayando sus implicaciones en la subjetividad y en la biosociabilidad contemporánea. La hipótesis es que la emergencia del dispositivo de conexión hizo al mismo tiempo ciertos modos de ser enfermo inteligible, practicable y gobernable.(AU)

Políticas do corpo: associações de pacientes e reconfigurações da cidadania / Body policies: patient associations and citizenship reconfigurations

Resumo O objetivo deste artigo é analisar como sujeitos doentes engendram tipos específicos de engajamento coletivo e participação política. Para tanto, acionamos o conceito de "biossociabilidade" a fim de compreender o associativismo de indivíduos que compartilham condições corporais e biológicas semelhantes. Além disso, discutimos como a atuação de associações de pacientes reverbera nas esferas política, econômica e científica. Nossos resultados sugerem que o ativismo dos grupos biossociais, de um lado, reforça os aspectos civis, políticos e sociais constitutivos da cidadania convencional e, de outro, aponta para o surgimento de uma dimensão biológica no exercício da cidadania. Dessa forma, o trabalho contribui para repensar as noções consolidadas em torno da doença, da participação política e da cidadania.

Abstract This article analyzes how sick people produce specific types of collective engagement and political participation. Through the concept of "biosociality" we discuss the engagement of individuals who share similar bodily and biological conditions. In addition, we debate how patient groups influence the political, economic, and scientific spheres. Our results show that, on the one hand, biosocial groups reinforce civil, political and social dimensions of traditional citizenship; on the other, those groups add a biological aspect to the exercise of citizenship. Thus, this article contributes to rethink the conventional concepts of illness, public participation and citizenship.

Ensamblando un Actor-red Biosocial: La Agrupación de Familiares de Pacientes Psiquiátricos (AFAPs) en las políticas de salud mental chilenas / Assembling a Biosocial Actor-network: The Association of Relatives of Psychiatric Patients (AFAPs) in Chilean mental health policies / Montagem de uma Rede de Atores Biossociais: A Associação de Familiares de Pacientes Psiquiátricos (AFAPs) nas políticas de saúde mental chilenas

Resumen: El presente artículo busca comprender las prácticas socio-materiales que fueron produciendo la emergencia de la agrupación de familiares de pacientes psiquiátricos (AFAPs), en contigüidad con las transformaciones de las políticas públicas en salud mental chilenas. Con ese fin, en un primer momento se contextualizan los cambios en las normativas reguladoras de las políticas en salud mental hasta la adopción de la perspectiva comunitaria, para luego discutir a partir de los conceptos de Ciudadanía Biológica/neuroquímica y Biosocialidad las posibilidades analíticas que brindan para comprender la especificidad del activismo social en salud mental. Metodológicamente, se presentan algunas herramientas analíticas de la teoría del actor-red (ANT) en tanto permitieron aproximarse a la red de prácticas socio-materiales que posibilitaron la emergencia de la agrupación. Finalmente se describen 4 ensambles identificados durante la investigación y se presentan conclusiones asociadas a caracterizar el activismo desplegado y sus implicancias políticas.

Abstract: The present article seeks to understand the socio-material practices that produced the emergence of the Association of Relatives of Psychiatric Patients (AFAPs) in contiguity with the transformations of Chilean public mental health policies. In this sense, at first the changes in the regulatory regulations of mental health policies are contextualized until the adoption of the community perspective, to then discuss from the concepts of Biological/Neurochemical Citizenship and Biosociality the analytical possibilities they provide to understand the specificity of social activism in mental health. Methodologically, some analytical tools of the actor-network theory (ANT) are presented, as they allowed us to approach the network of socio-material practices that made possible the emergence of the Association. Finally, four assemblages identified during the investigation are described and conclusions are presented associated with characterizing the activism deployed and its political implications.

Resumo: O presente artigo busca compreender as práticas sócio-materiais que estão produzindo o surgimento do grupo de familiares de pacientes psiquiátricos (AFAPs) em contiguidade com as transformações das políticas públicas de saúde mental no Chile. Nesse sentido, a princípio as mudanças nas regulações regulatórias das políticas de saúde mental são contextualizadas até a adoção da perspectiva de comunidade, para então discutir, a partir dos conceitos de Cidadania Biológica/Neuroquímica e Biossocialidade, as possibilidades analíticas que elas fornecem para entender a especificidade do ativismo social na saúde mental. Metodologicamente, algumas ferramentas analíticas da teoria ator-rede (TAR) são apresentadas, pois permitiram abordar a rede de práticas sócio-materiais que possibilitaram o surgimento do grupo. Finalmente, quatro assemblages identificados durante a investigação são descritos e as conclusões são apresentadas associadas à caracterização do ativismo implantado e suas implicações políticas.

Identidad y equipamiento en colectivos biosociales: una lectura semióticomaterial / Identity and equipment in biosocial collectives: a material-semiotic

La biosocialidad hace referencia a modos de identificación personal y colectiva que se definen a partir de un rasgo biológico. Diversas investigaciones, que han abordado formaciones sociales de este tipo, han exaltado cómo en los procesos de interacción con entidades socio-técnicas la identidad de los actores involucrados se ve redefinida. En este trabajo se analiza las implicancias de la participación en colectivos biosociales para los humanos involucrados, desde la teoría del actor-red. En tal sentido, se describe cómo la identidad en estos espacios se comporta como una composición que implica la asociación de elementos heterogéneos, que articulan un humano a una serie de entidades que permiten transformar la definición de sí mismo. De esta manera, se adquieren significados que amplifican el espectro de acciones posibles al enfrentar la incertidumbre de la enfermedad. Empleando el término de equipamiento, descrito por Foucault y rescatado por Rabinow, se considera que la participación en entramados biosociales incide en la adquisición de nuevas capacidades para enfrentar escenarios de incertidumbre. Un equipamiento consiste en un continuo de acciones orientadas a un fin práctico que implica la preparación para hacer frente a contextos diversos, a partir de la asociación a entidades heterogéneas...

Biosociality refers to modes of personal and collective identification that are defined from a biological trait. Diverse investigations that have addressed social formations of this type, have exalted how through interaction processes with socio-technical entities, the identity of involved actors is redefined. In this paper are analysed the implications of participation in biosocial collectives to the humans involved, from the actor-network theory. In that sense, it is described how in these spaces the identity behaves as a composition, involving the association of heterogeneous elements which articulate a human to a number of entities that can transform the definition of the self. Also, are acquired meanings that amplify the spectrum of possible actions to face the uncertainty of the disease itself. By using the term of equipment, described by Foucault and rescued by Rabinow, it is considered that participation in biosocial weaves affects the acquisition of new skills to deal with scenarios of uncertainty. An equipment consists in a continuum of actions aimed to a practical purpose involving the preparation to deal with different contexts, from the association to heterogeneous entities...

A nova genética para além da gestão de riscos e promoção da saúde: prolegômenos ao conceito de Biodesign / The new genetics beyond of risk management and promotion of health: introduction to the concept of Biodesign

A nova genética apontaria para uma nova era da metamorfose do humano, que seria marcada pelo protagonismo desse na seleção e aperfeiçoamento da sua natureza. Assim, o human enhancement tornaria-se uma realidade antropotécnica tangível. Esse artigo, inserido em uma pesquisa do campo da Ethics of Enhancement Human Beings, pretende excogitar um novo conceito para compreender nuances da chamada Genetic Age até agora aparentemente negligenciadas por outros dois conceitos já disponíveis, a saber, biopolítica e biossociabilidade. Para tanto, recorremos à revisão de parte da bibliografia sobre o tema e à análise e crítica desses conceitos, os quais focalizam a temática fundamentalmente através das noções de gestão de riscos e promoção da vida saudável. O objetivo foi apontar a parcial pertinência da grade de inteligibilidade fornecida por eles para compreender a nova genética. Destarte, apresentamos o conceito de biodesign como uma alternativa complementar. Com ele, esperamos oferecer, introdutoriamente, um conceito que apreenda, sobretudo, o que as possibilidades de artificialização da vida humana representam para além de uma nova forma de gestão de riscos/promoção da saúde.

The new genetics would point to a new era of metamorphosis of the human, which would be marked by the prominence of that in the selection and improvement of their nature. Thus, the Human Enhancement would become a tangible reality anthropo-technique. This paper, included a research of the field of Ethics Enhancement of Human Beings, intends excogitate a new concept to understand nuances called Genetic Age apparently overlooked by other already available, namely, Biopolitics and Biosociality. Therefore, we refer the review of the bibliography on Human Enhancement and the analysis and critique of these concepts, which focus on the issue mainly of risk management and promotion of healthy living. The objective was to identify the partial relevance of the grid of intelligibility provided by them to understand the new genetics. So, we present an introductory the concept of Biodesign as a complementary alternative, hoping that it permits the apprehension, especially, what the possibilities of artificiality of life to represent beyond a new form of risk management/health promotion.